quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ciclos económicos e ouro

Artigo publicado no Instituto Mises brasil

Por Frank Shostak


Ciclos económicos e ouro

Em uma entrevista dada à rede CNBC no dia 9 de novembro de 2010, o altamente conceituado economista Nouriel Roubini, co-fundador da Roubini Global Economics e um dos favoritos de Wall Street, disse que o padrão-ouro não tem como estabilizar o sistema financeiro.  Ao contrário, disse Roubini, tal padrão irá apenas piorar as coisas.


Por exemplo, segue Roubini, sob um padrão-ouro, uma economia que esteja a crescer rapidamente irá ficar superaquecida e isso, por sua vez, irá levar a uma maior inflação e a uma grande bolha de ativos.
Por outro lado, uma economia que esteja a crescer mais lentamente tenderá a viver pressões deflacionárias e recessivas.

Sob um padrão-ouro, argumenta Roubini, o banco central não terá capacidade de contrabalançar exitosamente essas tendências.  Uma economia sob um padrão-ouro continuaria a reforçar as atuais tendências negativas dos ciclos econômicos, sustenta o economista.

Em suma, de acordo com Roubini, o padrão-ouro limita a amplitude de medidas que os bancos centrais podem introduzir com o intuito de estimular o crescimento econômico e o emprego, além de gerenciar a estabilidade de preços.

Para a maioria dos economistas, outro grande problema em ter um padrão-ouro é o fato de que a oferta de ouro não irá crescer rápido o bastante para acomodar o aumento da oferta de bens e serviços gerados pelas economias modernas.  Ou seja, haveria uma pressão deflacionária sobre os preços.  Diz-se que isso irá apenas sufocar as economias.

O padrão-ouro amplifica os ciclos económicos?

Comecemos com uma economia primária, baseada no escambo.  João, o minerador, produz dez onças (28,7 gramas) de ouro.  Ele minera ouro porque acredita que há um mercado para isso.  O ouro contribui para o bem-estar dos indivíduos.  Consequentemente, ele irá trocar suas dez onças de ouro por vários outros bens, como batatas e tomates.

As pessoas descobrem que o ouro, além de ser útil na confecção de jóias, possui também algumas outras aplicações úteis.  Como isso, elas agora atribuem ao ouro um valor de troca muito maior do atribuíam antes.  Como resultado, João, o minerador, pode agora trocar suas dez onças de ouro por mais batatas e mais tomates.

Observe que, à medida que o tempo passa, as pessoas atribuem uma maior importância a alguns bens ao mesmo tempo em que reduzem a importância dada a outros bens.  Alguns bens são agora considerados mais importantes que outros na função de manter a vida e o bem-estar das pessoas.

Com o tempo, as pessoas também descobrem que o ouro é útil para ser um meio de troca.  

Consequentemente, elas aumentam ainda mais o preço do ouro em termos de tomates e batatas.  O ouro agora é predominantemente demandado como meio de troca — a demanda por outros serviços propiciados pelo ouro, como ornamentação, é agora muito menor do que antes.

Uma das razões para se escolher o ouro como o meio de troca é que ele é relativamente escasso.  Isso significa que um produtor de um determinado bem que tenha trocado esse bem por ouro espera que o poder de compra desse seu esforço seja preservado ao longo do tempo.  Para tal, basta que ele se mantenha em posse desse ouro adquirido.

Se, por alguma razão, houver um grande aumento na produção de ouro e essa tendência persistir, o valor de troca do ouro estaria sujeito a um persistente declínio em relação aos outros bens da economia, tudo o mais constante.

Dentro dessas condições, as pessoas tenderão a abandonar o ouro como meio de troca e procurar outras commodities que venham a cumprir essa função.

À medida que a oferta de ouro começa a subir, sua função como meio de troca diminui, ao passo que sua demanda para outros usos tende a se manter constante ou até mesmo a aumentar.

Quando João, o minerador, troca seu ouro por outros bens, ele está trocando uma coisa por outra coisa.  Ou seja, ele está trocando uma riqueza por outra riqueza.

Agora compare tudo isso à simples impressão de pedaços de papel que representam certificados de ouro, porém sem lastro em ouro — isto é, à impressão de tickets que não são lastreados 100% por ouro.

Trata-se de um ato de fraude — e inflação nada mais é do que isso, um ato de fraude —, o qual cria uma plataforma para o consumo sem um correspondente aumento na produção.  Ou seja, estimula-se o consumo sem que esteja havendo qualquer contribuição para o conjunto da riqueza real da economia.

Esses certificados sem lastro geram a possibilidade de se trocar nada por alguma coisa.  Pode-se agora adquirir algo sem que se tenha produzido nada.  Isso gera os ciclos de expansão e recessão.

A impressão de certificados não lastreados por ouro faz com os detentores desses certificados tenham agora o mesmo poder de compra daqueles que de fato produzem algo.  Isso faz com que esses não-produtores possam se apossar de riquezas; eles agora estão concorrendo com os reais produtores de riqueza pela obtenção de mais bens.  Isso gera o chamado período de crescimento económico artificial.

Esse desvio de recursos reais — dos produtores de riqueza para os não-produtores —é feito por meio de certificados não-lastreados, isto é, por dinheiro criado do nada.  Assim que a impressão desse dinheiro falso for reduzida, o fluxo de bens sendo desviados para esses detentores de dinheiro falso será interrompido.  Todas as atividades econômicas que surgiram apenas em decorrência dessa expansão da oferta de dinheiro serão interrompidas.  Como consequência, tem-se agora uma recessão econômica — observe que essas atividades não produziam riqueza real; elas apenas consumiam.

Obviamente, portanto, sem esse dinheiro sem lastro — o qual permite que recursos reais sejam adquiridos por pessoas não-produtoras de riqueza —, essas atividades ficam em apuros.  Como elas não produziam qualquer riqueza, uma vez sem dinheiro falso elas não mais podem obter os bens que querem.

No caso de um aumento da oferta de ouro, não se está cometendo nenhuma fraude. O ofertante de ouro — a mina de ouro — aumentou a produção de uma commodity útil.  Portanto, nesse sentido, não está havendo uma troca de nada por alguma coisa.

Consequentemente, também não haverá o surgimento de bolhas — isto é, de atividades que surgem em decorrência de uma expansão monetária e que apenas consomem riqueza.  No caso do ouro, o produtor de riqueza, justamente por ter produzido algo útil, poderá trocar essa sua riqueza por outros bens.  Ele não necessita de dinheiro falso para desviar riqueza real para ele.

Observe que um grande fator para a emergência de um crescimento económico artificial é a injeção de dinheiro criado "do nada".  O subsequente desaparecimento desse mesmo dinheiro criado do nada é a principal causa da recessão econômica.

As injeções de dinheiro criado do nada geram as bolhas, ao passo que o desaparecimento desse mesmo dinheiro destrói essas bolhas.

Sob um padrão-ouro, isso não pode ocorrer.  Em um padrão-ouro puro, sem um banco central, o dinheiro é o ouro.  Consequentemente, sob um padrão-ouro puro, o dinheiro não pode desaparecer, pois o ouro não pode desaparecer.

Pode-se, portanto, concluir que o padrão-ouro, se não for corrompido, não propicia o surgimento de ciclos econômicos.

É a criação de dinheiro do nada que gera os ciclos econômicos.  Logo, o principal ofertante de tal dinheiro — o banco central — não pode ser visto como um agente da estabilidade econômica, como dizem os economistas convencionais.

Em uma economia de mercado livre e desimpedido (sem um banco central), podemos imaginar que a economia estaria sujeita a vários tipos de choques, mas é difícil imaginar um fenômeno de ciclos económicos recorrentes.

De acordo com Rothbard,
Antes da Revolução Industrial, aproximadamente no final do século XVIII, expansões e depressões não eram algo costumeiro na economia.  Poderia haver uma crise económica repentina se algum rei declarasse guerra ou confiscasse a propriedade dos seus súditos; mas não havia sinal do moderno e peculiar fenómeno de oscilações regulares na economia — as expansões e contrações.
Em suma, o fenómeno dos ciclos econômicos está de alguma forma ligado ao mundo moderno.  Mas qual o elo?

Um exame mais cuidadoso revela que o elo está, com efeito, no sistema bancário moderno, o qual é coordenado pelo banco central.

A fonte das recessões está exatamente naquele suposto "protetor" da economia: o próprio banco central.

Assim, contrariamente ao que alegam Roubini e outros economistas convencionais, por que um forte crescimento económico levaria a uma maior inflação e ao chamado superaquecimento, ao passo que um crescimento económico lento irá levar à deflação de preços e à recessão?

Observe que inflação não é um aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, mas sim um aumento na oferta monetária.  Via de regra, aumentos na oferta monetária — isto é, inflação — resultam em aumentos generalizados nos preços. (Observe que um preço é a quantidade de dinheiro pago por unidade de um bem.)

Entretanto, nem sempre é assim, pois o ritmo do aumento na produção de bens pode ser maior que a taxa de aumento da oferta monetária.

Por outro lado, se, para uma dada oferta monetária, houver um aumento na produção de bens — um forte crescimento econômico —, obviamente isso irá levar a uma queda geral nos preços, e não a aumentos nos preços, como sugeriu Roubini.

Somente se a taxa de crescimento da oferta monetária exceder a taxa de crescimento da produção, haverá um aumento geral nos preços.

Da mesma forma, uma redução na atividade econômica não irá necessariamente causar uma deflação e uma recessão econômica, como dizem Roubini e os economistas convencionais.  Desde que não esteja havendo uma redução na oferta monetária, não há como haver deflação.

Vimos que, sob um padrão-ouro, o dinheiro, que é o ouro, não pode desaparecer.  Somente em um padrão-papel operando em um sistema bancário de reservas fracionárias pode o dinheiro desaparecer.
Observe que o desaparecimento do dinheiro sob um padrão-papel — que é esse em que vivemos — sempre se dá em resposta a uma anterior inflação monetária feita pelo banco central, a qual solapa o conjunto da riqueza real da economia — que é o fator preponderante de toda economia.

É essa redução no conjunto da riqueza real (também chamada de poupança) que leva ao enfraquecimento da economia real, o que por sua vez faz com que os bancos restrinjam a expansão de crédito que até então vinham fazendo.

Uma economia em crescimento requer uma oferta monetária crescente?

A maioria dos economistas acredita que uma economia em crescimento requer um estoque monetário crescente, sob o argumento de que o crescimento leva a uma maior demanda por dinheiro, demanda essa que deve ser acomodada.

Caso isso não seja feito, dizem eles, haverá um declínio nos preços dos bens e serviços, o que por sua vez irá desestabilizar a economia e gerar uma recessão econômica ou, ainda pior, uma depressão.

Sob um padrão-ouro, se levarmos em conta que uma grande porção do ouro minerado é utilizada como jóias e ornamentação, isso significa que o estoque de dinheiro ficará praticamente inalterado ao longo do tempo.

Donde eles concluem que o livre mercado, ao ser incapaz de ofertar uma quantidade crescente de ouro, poderá causar escassezes na oferta monetária.  Isso, por conseguinte, pode desestabilizar a economia.

Toda essa ideia de que a quantidade de dinheiro deve crescer para sustentar o crescimento económico dá a impressão de que o dinheiro, de alguma forma, é o que sustenta a atividade econômica.

Se realmente fosse assim, então a maioria das economias do terceiro mundo já teriam eliminado a pobreza simplesmente imprimindo enormes quantidades de dinheiro — como eles realmente faziam na década de 1980, tendo apenas aumentado a pobreza.
De acordo com Rothbard,
O dinheiro, por si só, não pode ser consumido e não pode ser utilizado diretamente como um fator de produção no processo produtivo.  O dinheiro per se é, portanto, improdutivo.  Trata-se de um estoque morto e que nada produz.[1]
A principal função do dinheiro é simplesmente cumprir a função de meio de troca.  O dinheiro não sustenta nem tampouco propicia a atividade económica real.

O que sustenta e propicia qualquer atividade econômica são bens e serviços reais que foram produzidos e poupados (isto é, que não foram consumidos).  Ao cumprir sua função de meio de troca, o dinheiro apenas facilita o fluxo de bens e serviços.

Em um livre mercado, o preço do dinheiro é determinado pela oferta e demanda, assim como os preços dos outros bens.  Consequentemente, se houver menos dinheiro, seu valor de troca irá aumentar.  Inversamente, o valor de troca irá diminuir quando houver mais dinheiro.

Assim, dentro da estrutura de um livre mercado, não faz sentido dizer que há "muito" ou "pouco" dinheiro na economia.  Desde que o mercado seja livre para se ajustar, é impossível haver qualquer escassez de dinheiro.

Consequentemente, tão logo o mercado tenha escolhido uma determinada commodity como dinheiro, o estoque já existente dessa commodity sempre será suficiente para permitir todos os serviços que o dinheiro fornece.

De acordo com Mises,
Como o funcionamento do mercado tende a fixar o poder aquisitivo da moeda, no seu estado final, num nível em que coincidam a oferta e a demanda de moeda, não pode haver jamais excesso ou deficiência de moeda. Cada indivíduo e todos os indivíduos juntos desfrutam plenamente das vantagens que a troca indireta e o uso de moeda lhes podem proporcionar, qualquer que seja sua quantidade..... Os serviços que a moeda presta não podem ser aperfeiçoados nem corrigidos se a quantidade de moeda mudar..... A quantidade de moeda disponível na economia como um todo é sempre suficiente para assegurar, a todas as pessoas, todos os serviços que a moeda pode prestar e que efetivamente presta.[2]
Conclusões

Vimos que um padrão-ouro puro não é propício à geração de ciclos económicos.  Contrariamente ao que dizem os economistas convencionais, sugerimos que são justamente as tentativas dos bancos centrais de criarem uma estabilidade de preços e de perseguirem políticas de pleno emprego que geram os ciclos económicos.

A visão econômica convencional de que, durante as recessões económicas, é correto um banco central tentar injetar dinheiro na economia com o intuito de reativá-la, nada mais é do que confundir dinheiro com produção e poupança.

Imprimir mais dinheiro não pode gerar mais bens e serviços; pode apenas redistribuir a riqueza já existente, fazendo com que aqueles que agora estão em posse desse dinheiro recém-criado, e que nada produzem, possam adquirir bens que até então seriam utilizados por atividades geradoras de riqueza.

Esse processo destrói o conjunto de riqueza real da economia, enfraquecendo a capacidade que os geradores de riqueza têm de fazer a economia crescer.




350 mil milhões de euros



Espanha não chegou a propor e o BCE não chegou a recusar. Mas ficou claro que a autoridade monetária não está disponível para "ajudar" Espanha a recapitalizar os bancos sem que isso passe pelo Orçamento do Estado, como era desejo de Mariano Rajoy. A braços com uma recessão económica e o colapso financeiro das regiões, esta poderá ser a "gota de água" que atira Espanha para um pedido de apoio externo. O JPMorgan coloca a fasquia em 350 mil milhões de euros.


notícia aqui







O que virá após o dólar?


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Artigo publicado no Instituto Mises Brasil

Por Peter Schiff



O destino do dólar

Meus leitores já estão familiarizados com minhas recentes previsões quanto ao futuro do dólar: a moeda americana está em declínio terminal.  Os EUA estão tragicamente falidos, o governo é incapaz de quitar seus empréstimos sem que tenha de recorrer à impressão de dólares e o país está enredado em uma depressão econômica.


O relógio já está em contagem regressiva para o dia em que o dólar finalmente irá enfrentar uma crise de confiança, assim como ocorre com todas as bolhas.  A diferença essencial entre esse colapso e, por exemplo, o estouro da bolha imobiliária é que o dólar americano é a espinha dorsal da economia global.  Sua destruição deixará um vácuo que terá de ser preenchido.

Os comentadores convencionais sempre enumeram os três principais concorrentes para assumir essa função: o euro, o iene, e o renminbi chinês (conhecido informalmente como yuan).  Entretanto, todas essas três possuem, cada uma à sua maneira, falhas cruciais que as tornam despreparadas e incapazes de assumir a função de moeda de reserva internacional quando chegar o momento do colapso do dólar. 
Ou seja, no que diz respeito a alternativas fiduciárias, parece que o mundo irá simplesmente sair da frigideira e ir direto para o fogo.

Euro: desfiando-se nas bordas

O euro é um experimento de apenas dez anos de idade, uma tentativa de unir divergentes interesses políticos, econômicos e culturais sob uma moeda de papel de curso forçado, a qual é controlada por um único e muito poderoso banco central.

Caso fosse gerenciada corretamente, tal moeda poderia servir para manter honestos os governos que a utilizam — mas esse não é o mundo em que vivemos.  Exatamente por isso, os governos fiscalmente irresponsáveis já estão debatendo a possibilidade de sair da moeda, e logo no primeiro sinal de problemas.  Ou seja, tais governos preferem ter e manusear uma moeda própria, a qual eles poderiam inflacionar sempre que quisessem reduzir o fardo de suas dívidas públicas.  Sendo assim, com o intuito de manter coeso esse arranjo do euro, as nações credoras foram forçadas a dar pacotes de socorro fiscal para as nações devedoras — ainda que tal medida viole as regras do pacto que criou a moeda comum.

Logo, a pergunta passa a ser: até quando os alemães — ainda escaldados pelas lembranças da hiperinflação da República de Weimar e a consequente ascensão do Terceiro Reich — irão aceitar que o Banco Central Europeu continue imprimindo euros para pagar as dívidas dos perdulários gregos?
Quantos políticos alemães irão vencer eleições sob a promessa de pacotes de socorro infinitos e preços crescentes por toda a Europa?  Esse é o defeito crucial do euro.

E, é claro, a Grécia não é o único problema.  Irlanda e Portugal estão em disputa acirrada pelo título europeu de segunda pior crise da dívida.  A Espanha, que representa 12% do PIB da zona do euro, viu os juros de sua dívida pular de 4,1% para 6,6% ao longo de 2010.  Os juros dos títulos das dívidas de todos os outros países da zona do euro também continuam subindo — uma clara indicação de que a zona do euro é uma aposta crescentemente arriscada.

É verdade que, caso os PIGS decidissem sair do euro, isso poderia de fato tornar o euro mais forte; porém, tal secessão seria um evento traumático.  Essa possibilidade está solapando a confiança no euro justamente no momento em que o mundo está analisando para onde ir daqui pra frente.
Talvez uma moeda mais madura, que não vacilasse tão facilmente em meio à recente crise financeira global, fosse uma melhor opção para assumir o posto de moeda de reserva internacional.  O euro, no entanto, é jovem e já está com sérios problemas.  Se menos de duas dúzias de nações já mostraram ser um fardo imenso para o euro suportar, será que devemos esperar melhores resultados caso o euro passasse a servir a duas centenas?

Yuan: país capitalista, moeda comunista

Os investidores estão lentamente começando a adotar o meu entusiasmo — o qual mantenho há muito tempo — quanto ao miraculoso crescimento da China.  E essa mudança de postura não se trata de nenhum furor.  Com efeito, se algo, creio que muitos ainda são muito ariscos quando se trata desse mercado.  Entretanto, aqueles que se encantaram com a China e já entraram alegremente no trem da alegria, começaram agora a proclamar que o yuan chinês é o sucessor lógico do moribundo dólar.  Porém, embora a China esteja se tornando uma imensa força econômica, o próprio yuan ainda continua amarrado e restringido pelo passado comunista do país.

Antes de tudo, a China impõe um rígido controle de capital sobre o yuan.  Uma moeda de reserva internacional tem de ser livre e facilmente conversível em outras moedas.  Mesmo dentro das fronteiras da China, um indivíduo não consegue trocar grandes quantias de yuan por dólares ou por qualquer outra moeda.

A China está, muito lentamente, a fazer reformas para aliviar esses controles, mas vale lembrar que estes não foram impostos arbitrariamente; eles estão ali para permitir que a China contenha a valorização do yuan, permitindo — dentre outras consequências — que seu setor exportador se mantenha artificialmente expandido.  Caso o governo chinês permitisse que o yuan fosse livremente conversível, ele perderia esse poder que mantém sobre sua moeda — e, por conseguinte, sobre seu povo.

Vale lembrar que todas as moedas de papel são rotineiramente manipuladas e inflacionadas.  O Banco Central da China relatou que o M2 cresceu mais de 140% nos últimos cinco anos — crescimento esse que se deu quase que exclusivamente para manter uma taxa de câmbio estável perante um dólar cada vez mais desvalorizado.

Iene: buraco negro de dívidas

O iene japonês é o terceiro Don Juan dessa fiesta fiduciária internacional.  Embora não padeça dos riscos estruturais do euro, o iene sobrevive em um ambiente de colossal dívida soberana.  A razão dívida/PIB do Japão, de 225%, é a maior dentre todos os países desenvolvidos, o que significa que sempre haverá aquele ímpeto de imprimir mais dinheiro para quitar ao menos parte dessa dívida.  Dado que o iene tem de suportar esse nó corrediço, ele se torna uma alternativa fraca ao dólar americano, o qual padece exatamente do mesmo problema.

Embora eu creia que o Japão está em uma situação muito melhor que a americana — porque mantém uma balança comercial positiva e porque a maior parte de sua dívida está em mãos domésticas —, sua moeda ainda não é uma unidade estável com a qual conduzir o comércio mundial.

Talvez ainda mais importante: caso o mundo começasse a buscar ienes para construir suas reservas, o preço da moeda japonesa iria aumentar drasticamente.  Isso seria politicamente inaceitável no Japão, onde o lobby exportador está constantemente tentando desvalorizar o iene para estimular suas vendas internacionais.

A combinação desses dois fatores torna impraticável o iene ser uma moeda de reserva internacional.  A valorização do iene iria, ao mesmo tempo, piorar os problemas da dívida do Japão e fazer com que sua indústria exportadora sofresse enormemente — o que significa que o Japão provavelmente está menos interessado em assumir essa função do que nós queremos que ele esteja.

A solução mais simples frequentemente é a melhor

Como J.P. Morgan memoravelmente disse ao Congresso americano em 1913, "apenas ouro é dinheiro, nada mais".  Morgan quis dizer que o ouro era incomparável e insuperável em sua eficácia como reserva de valor e meio de troca.

Dado que seu banco homônimo, em fevereiro passado, começou a aceitar barras de ouro como garantia para empréstimos, por que a tendência de retorno em ampla escala para o ouro deveria ser considerada apenas uma possibilidade remota?  Ao contrário, ela deveria ser esperada — no mínimo, simplesmente porque todas as outras moedas de papel estão fundamentalmente em estado desanimador.

Mercados são arranjos poderosos, e requerem um meio de troca confiável, honesto e seguro.

A exigência de uma moeda sólida e forte não é apenas filosófica; ela advém do próprio mercado.  Ao longo da história humana, mercadores e comerciantes sempre recorriam ao ouro e à prata perante o surgimento de novas moedas pretendentes.  O arranjo em que vivemos hoje não é o primeiro experimento da história com um sistema de dinheiro de papel, tampouco estamos vivendo a primeira desvalorização do dinheiro em larga escala.  Com efeito, as lições da história já haviam sido apreendidas pelos pais fundadores dos Estados Unidos, os quais escreveram claramente na Constituição americana:

"Nenhum estado deverá... tornar qualquer coisa que não seja moedas de ouro e prata em meio de pagamento forçado para a quitação de dívidas."

Embora sempre tenha existido a possibilidade de outra moeda de papel crescer a ponto de assumir o lugar o do dólar como moeda internacional de reserva, e assim dar continuidade a esse experimento irracional de dinheiro em contínua desvalorização, as circunstâncias específicas que predominam atualmente tornam cada vez menos provável que isso ocorra.  Ao contrário: de minha perspectiva, vejo sinais de que o mundo está voltando para o ouro a uma velocidade atordoante.

Isso seria meramente um retorno à normalidade e traria muitas implicações positivas para a economia global.  É certamente um rumo que todos nós devemos acolher favoravelmente, e lucrar com isso.




Alemães querem o nosso ouro



no jornal de hoje Ionline

Cada vez percebo melhor a razão porque chamaram Vítor Constâncio para o BCE.








quarta-feira, 30 de maio de 2012

Frase do dia



...“A Europa é como alguém que está doente, mas que está consciente disso. Nos Estados Unidos, estamos doentes, mas não o sabemos. Não falamos disso”...


Por Nassim taleb, aqui





O processo do totalitarismo

legendado - clique em CC











Quadro previsão evolução das contas públicas de Espanha





Agricultura sustentável - Menor dependência dos bens e dos preços



Temos aqui mais uma vez a participação do nosso blog parceiro Contas Caseiras, com uma excelente intervenção na blogosfera, sem a conversa típica de blogue ou de tasca a sugerir caminhos, mas sim de mangas arregaçadas, com um exemplo prático sobre a agricultura biológica orientada em primeiro lugar para o auto-sustento familiar.


Quando eu olho para as imagens apresentadas não quero saber de impostos, de burocracia estatal ou até de normativas vindas da união europeia.


Assim caro leitor, não deixe também de criar, promover e apoiar este movimento que sempre existiu no nosso Portugal interior, e que  pode ser bastante potenciado pela dificuldade do tempo presente.


posts: a quinta, a sua agricultura e a criação




Eurobonds por ouro e tesouro



Estados devedores do sul da Europa devem penhorar suas reservas de ouro e tesouro nacional como garantia no âmbito de um plano de fundo de estabilização de € 2300000000000 (2,3 biliões de € ) que está a ser criado na Alemanha.

notícia aqui




Sieg heil






terça-feira, 29 de maio de 2012

Quadro as dez cidades mais caras e mais baratas em 2011














Menina de 12 anos fala sobre os bancos


Até as crianças já percebem! 

Não se deve criar dinheiro a partir do nada seja lá quem controle o sistema.

A função do dinheiro é apenas facilitar a troca.





Linha de montagem



Mais de 80% dos ‘operários’ da linha de montagem da Autoeuropa são robôs (que não recebem salário, nem fazem greve, nem têm direito a férias).







A Sic e o Youtube


Pelos vistos temos a Sic em grande forma a bloquear canais e vídeos no Youtube.

Alguns dos vídeos aqui publicados passaram assim às calendas.

Quanto à censura, o peixe morre pela boca não é sr. Balsemão?

Fica assim o exemplo para todos o que podemos esperar da ACTA.

Os posts que foram afetados não serão eliminados.









Governo "iluminado"


no diário económico de hoje.




(a)Fundações


no jornal I de hoje.




segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quadro recapitalização dos bancos portugueses






A melhor profissão



A melhor profissão em Portugal é a de EX-MINISTRO!



Impossível


É impossível todos os países terem excedentes externos ao mesmo tempo.



Previsão para o Verão Financeiro


domingo, 27 de maio de 2012

BBC - Crise do euro

sem legendas - only in englsih



sábado, 26 de maio de 2012

Frase do dia


...“Ainda recentemente consultei os relatórios que a PIDE fez quando me espiava. Agora, quando vivemos em democracia, é muito mais grave. Nunca pensei que chegássemos a este ponto numa sociedade de direito democrático.”...


Por Pinto Balsemão, aqui





sexta-feira, 25 de maio de 2012

Googlar


Dank€




Perceba a grande jogada alemã para salvar a sua banca de apuros.


Ei Alemanha: Tu também tens um bailout

Os milhões de palavras escritas sobre a Europa e a crise da dívida, a Alemanha é normalmente destacada como o adulto responsável e Grécia como o filho perdulário. 


Na prudente Alemanha, a narrativa contínua, é relutante em socorrer a libertinagem da Grécia, que pediu emprestado mais do que podia pagar e agora deve sofrer as consequências.

Será que se surpreende ao saber que os contribuintes europeus deram como apoio financeiro tanto para a Alemanha como para a Grécia? 
Uma análise dos fluxos de fundos europeus e as folhas de balanço do banco central sugere que é assim.
Vamos começar com a observação de que os mutuários irresponsáveis ​​não podem existir sem os credores irresponsáveis. Bancos da Alemanha foram facilitadores da Grécia. Graças em parte à regulação frouxa, os bancos alemães construíram exposições precárias para os países periféricos da Europa nos anos que antecederam a crise. 
Em dezembro de 2009, segundo o Banco de Compensações Internacionais, os bancos alemães tinha acumulado créditos de 704.000 milhões de dólares na Grécia, Irlanda, Itália , Portugal e Espanha , muito mais do que o capital agregado dos bancos alemães. Em outras palavras, eles emprestaram mais do que podiam pagar.
Quando a União Europeia e o Banco Central Europeu intervieram para socorrer os países em dificuldades, eles fizeram o possível para os bancos alemães trazerem o seu dinheiro de volta a casa.
Como resultado, evitou-se o socorro aos bancos da Alemanha, bem como aos contribuintes que poderiam ter sido necessários apoiar caso estes empréstimos não fossem pagos. 
Ao contrário de grande parte da ajuda prevista para a Grécia, o apoio aos bancos da Alemanha aconteceu automaticamente, em função da estrutura de funcionamento da união monetária.

Como funcionou

Aqui está como foi.
Quando os bancos alemães retiraram o dinheiro da Grécia, os outros bancos centrais da zona do euro coletivamente compensaram a saída com empréstimos ao banco central grego. 
Estes empréstimos apareceram no balanço do banco central alemão, o Bundesbank, como direitos sobre o resto da zona do euro . 
Este mecanismo, concebido para manter as contas da zona do euro em equilíbrio, tornou mais fácil  assim aos bancos alemães saírem de suas posições.
Agora vem a parte complicada: Ao contrário dos bancos privados, com o Bundesbank as perdas passam a ser apenas parcialmente da responsabilidade da Alemanha. 
Se a Grécia renegar sua dívida, as perdas são compartilhadas entre todos os países da zona euro, de acordo com sua participação no BCE .
A participação da Alemanha seria de cerca de 28 por cento.
Em suma, ao longo dos últimos anos, grande parte do risco alojado no balanço dos bancos alemães foi deslocado para os contribuintes de toda a união monetária.
É difícil quantificar exatamente o quanto a Alemanha beneficiou-se deste resgate europeu.
Um indicador seria a quantidade de dinheiro que os bancos alemães fizeram sair de outros países da zona euro desde o início da crise. De acordo com o BIS, foi 353.000.000.000 $ de dezembro de 2009 para o final de 2011 (os últimos dados disponíveis). Outra seria o aumento do reivindicações do Bundesbank sobre outros bancos centrais da zona euro . Isso equivale a 466 bilhões de euros (US $ 590 bilhões) de dezembro de 2009 a abril de 2012, embora também reflitam os depositantes não-alemães que deslocam o seu dinheiro para bancos alemães.
Em comparação, a Grécia recebeu um total de cerca de 340 bilhões de euros em empréstimos oficiais para recapitalizar seus bancos, para substituir o capital em fuga, reestruturar suas dívidas e ajudar seu governo fazer face às despesas. Apenas cerca de 15 bilhões de euros vieram diretamente da Alemanha. O resto é tudo do BCE, a UE e do Fundo Monetário Internacional .

Melhor preparados

A mudança de exposição financeira da Alemanha tem assim implicações importantes para o seu papel como líder da resposta da Europa à crise. Antes dos bancos da Alemanha executarem esta operação, estavam prestes a perder uma montanha de dinheiro, se a Grécia deixasse o euro. 
Agora as perdas serão compartilhadas com os contribuintes de toda a zona euro - em particular a França , cujos bancos ainda tem muitos empréstimos com a Grécia. 
Talvez seja isso que alguns oficiais alemães querem dizer quando afirmam que a zona euro está melhor preparada para uma saída dos Gregos.
Em última análise, porém, o custo de deixar a Grécia partir chegava  à Alemanha. Se corridas aos bancos e às turbulências do mercado obrigassem Portugal , Espanha, Itália e outros a saírem do euro, as perdas poderia acabar com grande parte do capital dos bancos alemães
Sem mencionar o dano a longo prazo que a ruptura do euro faria às exportações que são o motor da economia da Alemanha, e ao desaparecimento potencial de um projecto europeu destinado a impedir uma repetição dos horrores de duas guerras mundiais.
Para evitar tal resultado, com ou sem a Grécia, a Alemanha terá de fazer tudo o que até agora se recusou, e mais ainda. 
Isso inclui permitir que o BCE fique por trás da dívida dos soberanos. A área do euro também precisa de um mecanismo que transfira dinheiro para países economicamente conturbados tão automaticamente como o sistema de pagamento socorrido à Alemanha, como economistas têm dito à bastante tempo é crucial  tornar a área do euro em uma união monetária viável. 
Como temos defendido, uma articulação de fundos de seguro-desemprego poderia ser um primeiro passo para a tal união fiscal.
Como responsável máximo alemão, a chanceler Angela Merkel tem de considerar o próximo passo na crise do euro, pode ajudar o retorno da zona do euro para o crescimento ou, alternativamente, por em causa o risco da sobrevivência da união monetária, mas ela deve ter em mente que seu país está em dívida com o sistema de euro, tanto como a Grécia.
artigo original aqui